Os desafios que uma recém formada enfrenta no mercado de IoT
Nesta entrevista, Domarys Corrêa apresenta a realidade de quem acaba de se formar e os desafios que enfrenta no mercado de IoT.
Conte-nos um pouco sobre sua área de formação e trajetória profissional.
Me formei recentemente como bacharela em Ciência da Computação. Em meio à busca de temas para pesquisa durante a graduação optei por um assunto que envolvia possíveis soluções IoT para monitoramento de sinais. No desenvolvimento deste trabalho me encantei com as tecnologias IoT e todas as nuances de aplicações disponibilizadas por elas. Atualmente encontrei uma empresa, a O.S.Systems, que atua na área de embarcados e a qual tem me propiciado grande experiência e conhecimento.
Qual sua maior inspiração profissional?
Saber que a computação e demais tecnologias nos entregam o poder de gerar soluções que podem impactar de forma positiva no bem-estar e na vida das pessoas é o que mais me motiva. Na graduação, descobri que IoT poderia ser utilizada para solucionar algo que sempre me chamou a atenção: a morte súbita do lactente. Esta se trata da morte repentina e sem sinais prévios que ocorre durante o sono da criança, de difícil confirmação e que ainda está rodeada de perguntas. O monitoramento infantil é uma solução possível e algumas empresas inclusive já desenvolvem sistemas para fins semelhantes, mas estes sistemas ainda permitem maior aprimoramento. Nesse cenário, tanto IoT quanto sistemas embarcados trazem maior eficiência e agilidade para essas soluções e isso é o que mais me motiva a continuar nessa área: a possibilidade de gerarmos segurança, confiança e salvar vidas.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ou enfrenta na sua profissão por ser mulher?
Embora saiba de diversas situações de dificuldades encontradas por amigas e colegas da área, felizmente não houve nenhuma experiência negativa relacionada ao meu sexo. Tive a grande sorte de me desenvolver em ambientes em constante transformação onde discussões e debates sobre equidade e respeito, entre outros, são bem-vindos na construção interna de consciência.
Outro ponto em destaque é a curva que está ocorrendo nas empresas e instituições de tecnologias, que estão procurando investir em políticas de inclusão para aumentar o número de mulheres nos setores tecnológicos, através de eventos focados no público feminino e na investigação dos motivos pelos quais as profissionais não acessam certos setores ou não se mantêm neles.
Como você enxerga o cenário de IoT no Brasil e a atuação da mulher neste nicho específico?
Na minha percepção o cenário atual, como o de outras áreas de cunho computacional e afins, é de crescimento e adaptação, localizando nichos para investimento e se moldando conforme o mercado solicita. Focando-se em tecnologias IoT as boas-vindas ficam ainda mais perceptíveis graças às promessas de maior conveniência e inovação em todos os locais e a qualquer hora.
Que conselhos você daria para as mulheres que estão começando a trabalhar com tecnologia e IoT?
Primeiramente, independente da diferença entre os números de homens e mulheres, as dificuldades técnicas são as mesmas para todos, então meu principal conselho para quem vai cursar ou trabalhar na área é: tenha perseverança. Se você não conseguir, se demorar mais que os outros, se não ficar perfeito, está tudo bem: nada disso significa que você não tem capacidade, habilidade ou inteligência.
Segundo conselho: respeite e exija o mesmo. Por ainda serem maior quantidade, os homens muitas vezes estão em posições de liderança, seja nos papéis de especialistas, professores ou chefes. Porém isso não dá direito a ninguém de desvalorizar você e nem de colocá-la em uma situação desconfortável de forma alguma.
Meu terceiro e último conselho: unam-se mulherada! O local de trabalho nos dias de hoje é um ambiente que frequentamos tanto quanto nossa própria casa, então ter boas relações e alcançar um ambiente confortável é o essencial. Mas ter outras mulheres da mesma área que a sua, que possam trocar experiências, adicionar conhecimento, apoiar você com conselhos e nas suas dúvidas é vital. Se ver representado nos dá maior segurança e conforto para podermos trabalhar na busca do nosso próprio espaço, e isso não tem preço.