A mulher tem muito a contribuir para o desenvolvimento tecnológico
Marília Lara fala sobre os desafios de ser respeitada enquanto profissional e como equilibrar as responsabilidades de empresária, mãe e dona de casa.
Conte-nos um pouco sobre sua área de formação e trajetória profissional até este momento.
Sou formada em Administração de Empresas e mestre em marketing. Iniciei minha carreira estagiando em empresas ligadas a Bens de Consumo (a Danone e a Johnson & Johnson), na área de relacionamento com distribuidores e Trade Finanças. No ano em que me formei na faculdade fui trabalhar na empresa de meu pai, a LDE, e lá aprendi muito sobre empreendedorismo, tendo trabalhado principalmente nas áreas de Gestão de Pessoas, Finanças e Estratégia. Pouco depois de me formar no mestrado comecei a dar aulas na ESAGS Strong, uma faculdade de administração localizada na cidade de Santo André – me dividindo entre a empresa do meu pai e as aulas.
Em 2015 eu e meu sócio, Antônio, criamos a Stattus4. No início eu me desdobrei entre a LDE, as aulas na ESAGS e a Stattus4. Mas no início de 2016, assim que nasceu o meu segundo filho, passei a me dedicar integralmente à Stattus4 – tocando as todas áreas administrativas da organização.
Em que você se inspira profissionalmente?
Não tenho apenas uma pessoa que me inspira. Vários profissionais me inspiraram ao longo de minha trajetória. Um livro muito importante para mim, o #VQD da Endeavor, trouxe histórias de muitos empreendedores que foram muito importantes para que eu tomasse a decisão de empreender. Com o risco de ser clichê, meu pai e minha mãe também são grandes inspirações para mim, pois me ensinaram muito sobre empreendedorismo e me ajudaram a trilhar os meus caminhos até hoje.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ou enfrenta na sua profissão por ser mulher?
Eu acredito que são muitos os desafios que enfrentamos por sermos mulheres. O principal deles é conseguirmos sermos ouvidas e respeitadas enquanto profissionais. Não foi uma nem duas vezes que, ao negociar com outros homens, eu fui diminuída pelo fato de ser casada com o meu sócio, com eles deixando claro que eu estava ajudando o meu marido na empresa dele, e não que somos sócios com a mesma participação, direitos e deveres.
Outro desafio diário que enfrento é o fato de precisar equilibrar as responsabilidades de mãe, dona de casa e empresária. A pressão que recebemos, e fazemos em nós mesmas, para conseguir estar presentes na vida de nossos filhos, ao mesmo tempo que mantemos a roda girando na empresa, é muito grande e não é raro que eu tenha o sentimento dividido entre essas duas esferas da minha vida.
Como você enxerga o cenário de IoT no Brasil e a atuação da mulher neste nicho específico?
Eu acredito que o IoT ainda está nascendo no Brasil e há muitas oportunidades de negócio e desenvolvimento. E a atuação das mulheres nesse nicho possui os mesmos desafios que nos nichos de programação, engenharia e demais setores majoritariamente masculinos.
Nesse mercado, contudo, a mulher tem muito a contribuir, não apenas com o seu desenvolvimento tecnológico, mas também por ser um mercado naturalmente sistêmico – e a visão holística dos problemas e desafios é crucial. As mulheres, de forma geral, possuem uma habilidade nata para isso. O que as torna um asset importante para o desenho dos modelos de negócio inseridos nesse mercado.
Que conselhos você daria para as mulheres que estão começando a trabalhar com tecnologia e IoT?
Tenha confiança em você e no seu trabalho; e aproxime-se de homens e mulheres que te respeitam.